Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Qualquer coisa escrita no meio do Erasmus

"Sliar ficou sozinho mordiscando a peça de fruta e deliciando-se com o seu sabor doce. À sua volta mas e mais pessoas aproximavam-se da mesa, bebericando e petiscando sabores vários. Rapidamente o desconhecido perdeu-se no meio de tanto indivíduo conhecido, que cumprimentava os seus amigos com um sorriso ou com um abraço. Largou a peça de fruta e a comida, e lançou-se à descoberta. Sob a forte luz diurna, Sliar começou a distrair-se com os vários relevos das paredes laterais. Era incapaz de parar por momentos neste ou naquele desenho, todas elas o atraíam. Esculpidas numa talha dourada impenetrável à erosão, brilhava intensamente sob aquela intensa luz lançada pelo astro solar. Figuras de donzelas solitárias olhando para o vazio do infinito, rostos suaves transmitindo uma calma antiga, rostos desfigurados em expressões de surpresa ou desafio ou simples desenhos cravados na parede com cenas de casamentos ou festas. Apenas e só figuras femininas, numa homenagem permanente aos colos que perpetuaram gerações e histórias lendárias, causas de desastres amorosos e guerras prolongadas. A perdição do homem encluasurada em tantos desenhos dourados, gritando num alto som silencioso a beleza que caminhou por aqueles corredores, a mesma beleza que tentava fingir o grito de morte dilacerante e lento de um povo e de um reino."

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Uma viagem sem sentido fotografada
















Uma viagem... digamos... Sem sentido

04-10-2009... Decidimos alugar um carro e meter-nos à aventura, conduzidos pela responsabilidade do figurante que mal aparece nos vídeos mas que está sempre lá atrás a rir-se e a mandar bocas, de seu nome, Rui Serra. Citroen C1, fetched in a rent-a-car near the Vilnius Oro Uostas(belo momento de poliglota...inglês + lituano), sem rádio porque é da gama baixa, mas um carrinho de choques a conduzir. Assim diz o nosso condutor que se mostrou maravilhado durante todo o percurso. Saímos do stand de rent-a-car, a minha carteira está a arder porque acabei de deixar 1000LT como um depósito de fiança para o caso de deixarmos, nem que seja, um simples arranhão no carro vermelho. By the way, 1000LT são qualquer coisa como 340€...

Largamos o aeroporto, o escritor já leva a promessa de ter as primeiras aulas numa qualquer estrada isolada com aquele carrinho, e vamos à procura de uma estação de gasolina. Chegados à estação de gasolina, o condutor concentra-se em inserir o líquido dentro do estômago do carro, para que não morra de sede durante o caminho, e o escritor deste post começa a fazer contas poque lá tem que ser o banco financiador da expedição. O escritor sai do carro, caminha uns quantos passos em alcatrão, e lá entra na área de serviço. Objectivo é comprar um mapa que nos diga a direcção para Kaunas e depois para Suwalki.

Saímos da estação e iniciamos a marcha rumo ao desconhecido. Uma voz sobressai-se no meio do silêncio geral: "Epa vocês têm que me ajudar. Não há rádio, por favor ajudem-me, sejam solidários e não adormeçam porque isso depois dá-me vontade também de dormir". Sábias palavras de condutor que o terceiro membro, aquele que não faz nada, sabiamente cumpre pois nos minutos seguintes cai a dormir nos bancos de trás. Sobra o escritor deste post que tem que fingir perceber alguma coisa de co-pilotagem, para tentar ser um mediano co-piloto. Para isso, lá é preciso desdobrar o grande mapa, pegar numa caneta e começar a fazer uns rabiscos numas supostas auto-estradas. As horas decorrem, Kaunas há de aparecer algures no horizonte, e decidimos fazer uma paragem a meio, numa estação de serviço aberto das 9h às 21h(informação interessante? acho que não...). Tudo parecia concorrer para estarmos perante uma estação de serviço tão igual quanto as outras, mas parecia... Porque a um canto, no meio da vegetação, se encontram dois cubículos a que pomposamente lhe dão os nomes de casas-de-banho mas que, afinal, são duas coisas de madeira que têm um buraco interior cavado na pedra, sem uma sanita.

Continuamos caminho, lá vimos Kaunas ao fundo. Viramos à direita na primeira saída? Não, o co-piloto engana-se e continuam em frente. Problema? Não, qual quê, como sabiamente diz o condutor: "Não há problema, há sempre uma segunda saída". Confirma-se, há sempre uma segunda saída... Kaunas, a segunda maior cidade da Lituânia, mas tão pequena que ela se mostra ao mundo. Parece uma criança ao pé de outras cidades, ainda tão nova e ingénua no seu crescimento. Chegamos num Domingo ao final da manhã, céu carregado de nuvens a anunciar a ameaça de precipitação e uns pingos que timmidamente se mostram e gritam presente. Segunda maior cidade, certo? Mas vazia, praticamente ninguém nas ruas, parece uma cidade deserta. O dorminhoco dos bancos de trás lembra-se sabiamente, de palavras sábias do prof dele de Direito Penal: "Kaunas é a cidade mais perigosa de toda a Lituânia.". Aviso feito, vamos lá tentar não nos esquecer disso. Cidade engraçada, do mesmo estilo de Vilnius, um centro pequeno e acolhedor. Uma boa catedral para começo de visita, uma boa fachada do museu militar e bons monumentos sobre o período soviético.

Seguimos viagem, para a parte mais imaginativa da viagem... Umas quantas e valentes semanas antes, na viagem de comboio de Varsóvia e Vilnius, um polaco simpático fez as vezes de quarto companheiro de viagem e bons tempos passámos com ele a conversar. O homem, já com a sua idade quarentona, mora numa cidade fronteiriça polaca de seu nome, Suwalki. E lá fomos nós completamente à aventura, curiosos para conhecer a cidade do nosso companheiro de viagem polaco. A travessia da fronteira foi calma e bastante barulhenta. Não é todos os dias que temos um condutor ao nosso lado que se vangloria por passar uma fronteira de carro...

Suwalki... Primeira visão: o logo do LIDL. Nem mais, o LIDL numa cidade fronteiriça da Polónia. O que veio a seguir? Um McDonalds com McDrive, onde, numa péssima mas péssima imitação nem tentada de Remy Gaillard, o condutor e o dorminhoco dos bancos de trás pedem dois McFlurry's a uma empregada polaca que não conhece o conceito de simpatia. Vale-lhe o bom inglês... Suwalki, cidade ainda mais pequena que Kaunas, em tamanho e em interesse para visitar. Tudo se resume a uma igreja, a um bonito jardim em forma de quadrado; voltas e voltas de carro para tentarmos descobrir o centro da cidade e apenas o descobrimos quando encontrámos a Igreja, com uma estátua de Karel Woyjtila(ou lá como se escreve) de lado, e o tal jardim bonito; e nada mais, apenas isto que Suwalki tem para oferecer. Ah e o estabelecimento comercial do LIDL e o McDonald's.

Final da viagem... O escritor deste post já consegue colocar a primeira e a segunda mudança num Citroen C1. O dorminhoco dos bancos de trás, continuou a ser dorminhoco durante a viagem de volta, feita durante a noite. Viagem de volta essa em que o condutor, com a sua destreza, consegue com que um carro que apenas dá 152km/h no máximo, conseguiu que chegasse aos 160km/h. Nesses instantes, o escritor deste post já dormitava uns quantos minutos, sinal de que a frase sábia do condutor, dita logo no início da viagem, foi seguida com toda a pompa e circunstância.