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sábado, 26 de setembro de 2009

Uma viagem... rural...











Viagem para Vilnius - registo fotográfico











Viagem para Vilnius - 23 de Agosto

Acordamos bem cedo, com as galinhas, e o nosso destino irá ser Warsawa Centralna - destino, Vilnius. Uma hipótese seria ir a pé de novo para a estação, mas eram 07h e tal da manhã e os músculos ainda espreguiçavam. Novamente tomámos um taxi, novamente deixámo-nos aldrabar, a pressa era demais e queríamos chegar a horas. Novamente aquela visão do interior da estação, decrépita, escura, cinzenta, estranha. Dirigimo-nos para a plataforma correcta, cheia de gente, um mar de pessoas que iria tomar o mesmo comboio. Destino Vilnius? Errado, destino Sestokai. Apenas há tempo para ir buscar algo rápido para comer, gastar uns quantos Zlotys ou seja uns meros cêntimos de Euro para forrar o estômago. A hora chega, o comboio pára e a aventura começa. Tentar empurrar aquelas malas todas por um corredor estreito, ou apenas, arranjar um conjunto de oito lugares livres para nos sentarmos e refastelarmo-nos. Mas claro, num azar previsível, temos que nos arrastar à procura de algo. Encontramos esse algo, sete lugares vazios e um homem com a sua barriga proeminente que nos cumprimenta com um sorriso. Levanta-se, ajuda-nos e fala inglês. No fundo, a raridade das raridades na Polónia idosa.

A viagem começa com uma explicação feita metade com mimica metade com inglês. O comboio não ia para Vilnius, ir para Sestokai(uma cidade já depois da fronteira) e era preciso mudar de carruagem numa cidade qualquer polaca de nome impronunciável. Apenas nos apercebemos da inevitabilidade de termos que carregar de novo as malas para as carruagens de trás, só porque os polacos assim o querem. Uma viagem entediante? Nem mais... Os únicos momentos de diversão foram quando os revisores entram dentro do nosso compartimento, vêem os nossos pés num bom hábito português em cima dos assentos, e começam a gritar para os tirarmos de lá; ao mesmo tempo que me pediam os bilhetes. Resultado... Eles gritavam em polaco e nós gozávamos em português, uma autêntica torre de babel. Ah e os bilhetes, durante toda a viagem, foram inspeccionados aí umas cinco vezes

Com o tempo o homem foi dando confiança, foi falando, informações aqui e acolá sobre a Polónia e sobre a terra dele. Sobre futebol, sobre Eusébio, sobre o Benfica(sim conhecia!) e sobre a selecção polaca. Aproxima-se o destino dele, ajudamos a descer a mala dele e trocamos palavras breves de despedida: queríamos saber as asneiras em russo e em polaco. Ele disse mas escaparam entre os dedos da memória. Continuamos a viagem sozinhos, não tarda nada temos que mudar de carruagens: assim disse em jeito de mimica a senhora revisora polaca baixinha e de óculos. O comboio pára, saímos e a mulher ajuda-nos a orientar. Ela ri-se, o revisor ri-se, afinal, somos estranhos numa terra estranha.

A viagem continua e num instante longo chegamos a Sestokai. Como percebemos que é Sestokai? Porque a revisora escreve num papel, numa escrita rude e campónea, que faltavam quinze minutos. Contamos os quinze minutos, supostamente estávamos quase a chegar, e vemos no corredor perfeitamente minúsculo onde só era possível andar quase de lado, uma data de pessoas a movimentarem-se para a porta. Inclusivé uns quantos viajantes supostamente da nossa idade com ar de cansados e que também ia para a Lituânia(exacto é a nossa descrição). Tentamos ver pela janela algum sinal, não vemos nada, apenas vemos uma estação. O comboio pára, temos as malas à porta, o Rodrigo sai, vê um maquinista no comboio do outro lado da plataforma, apenas pergunta a apontar: "Vilnius ?", o maquinista diz que sim e mostra cinco dedos com a mão. Cinco minutos para mudarmos de comboio, cinco minutos para carregarmos 20 ou mais kg carruagem acima e carruagem abaixo.

Conseguimos com suor e mais cansaço carregar as malas e entramos no comboio certo. Connosco acompanham-nos... bicicletas... e um grupo de, quiçá, lituanos(era de certeza da Europa do Leste e falavam um dialecto estranho). Sem esperar muio uma revisora sorridente encontra-nos, na última carruagem, e pede delicadamente os bilhetes. Supostamente pediu os bilhetes na sua língua natal, mas também não era dificil de adivinhar. A partir daí tínhamos um par de horas sem fazer nada, apenas observando a paisagem circundante. Uma paisagem rural, tal como a polaca, completamente planície sem qualquer vislumbre de um monte; no fundo, uma paisagem totalmente diferente. De vez a vez lá apareciam casas isoladas em aldeias quase isoladas, em madeira velha, construídas para suportar o clima frio, ao mesmo tempo que os seus habitantes trabalhavam na lavoura. Enquanto isso ficávamos a conhecer, com a nossa própria pele, uma das viagens mais dificeis. O comboio era instável, abanava constantemente, parecia que ia perder o equilíbrio: inclusivé, num abanão mais forte, uma senhoura incauta foi atirada para cima do Rui. Coitado do rapaz...

A viagem decorreu tranquilamente, apenas com as peripécias do costume: pessoas estranhas a olhar para nós, estranhos; uma língua estranha e a nossa, para eles, estranha; uma perfeita falta de noção do que nos estávamos a meter, no fundo, uma perfeita aventura. Última estação: Vilnius. Chegamos e somos brindados com a primeira particularidade: somos recebidos com... chuva... Primeiros passos em solo lituano; primeiras horas a 3100 km de ti

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Varsóvia em fotos - 2ª parte











Varsóvia em fotos - 1ª parte











Varsóvia - 22 de Agosto[continuação]

Depois de deixarmos as bagagens no nosso quarto na pousada - Oki Doki Hostel , depois de brindados com um quarto decorado com as cores do céu e com uma cadeira suspensa no ar - mobiliário incompreensível; deixamos as quatro paredes e caminhamos na direcção das ruas polacas. O primeiro edifício que visitamos é um que soubemos ser possível subir até ao último andar e ter uma vista panorâmica sobre toda a cidade. E o que nós fazemos? Exacto, nem mais, ficamo-nos pelo rés-do-chão, pela entrada do edifício. Arquitectura semelhante ao Empire State Building, mas numa versão soviética: no fundo, sem problemas de imponência. Seguimos caminho e entramos na avenida principal que tínhamos percorrido de manhã. Direcção? A estação de comboios para comprarmos o bilhete para Vilnius(sem saber o que nos esperava...). Aventura normal, percorrer aqueles corredores de submundo escondido e tentar falar inglês com a senhora do guichet. Ao mesmo tempo que nos tentávamos entender com o Zloty.

De seguida enfiamo-nos directamente num centro comercial. Necessária uma toalha para um dos membros do grupo, o mais atrasado. Percorremos lojas, perdemos tempo inestimável, farto daquela situação. Finalmente(!!!) saímos daquela coisa estranha e podemos fazer uma visita normal a uma cidade estranha. Primeira paragem... Hard Rock Varsóvia. Café português, chávenas portuguesas, uma decoração típica e que se esperava, uma boa meia hora passada. Continuamos e progredimos, a passo, para o centro histórico. Por cima de nós o céu fechava-se num cinzento ameaçador, passo acelerado até vermos, ao nosso lado, o palácio presidencial ocupado por um dos irmãos gémeos. Antes disso, abordados fomos por uma dupla de raparigas num peditório em favor das escolas secundárias. Somos simpáticos e contribuimos com... cêntimos de Euro. Continuamos a viagem e entramos por ruelas que desembocam em Igrejas ou que ladeiam Igrejas; caminhos pilhados de gente e de turistas, uma voz portuguesa ouvimos ao fundo. Entramos dentro de muralhas, admiro com a minha máquina a arquitectura polaca antiga. O cansaço apodera-se, a chuva começa a cair e voltamos para trás, na direcção da pousada. Pelo caminho, tempo para o Rodrigo captar momentos próprios com duas polacas.

Depois de chegados à pousada, altura para um descanso. Dirigo-me com o portátil para a sala de estar, tentar apanhar sinal para falar contigo. O Rui acompanha-me, tempo de ouvir a Académica; o Rodrigo vai dar a sua volta. O tempo passa e com ele vem a fome; largamos os portáteis e partimos em busca da noite polaca. Primeira paragem: um restaurante junto à primeira esquina da primeira praça que vimos. O objectivo era chegarmos a um restaurante tipicamente polaco; o resultado foi irmos para um restaurante diferente(sei lá já de onde). Praticamente expulsos do espaço(chegámos em cima da hora mas como parecíamos turistas endinheirados e maltrapilhos lá nos fizeram o favor...), caminhámos na direcção da noite polaca, impulsionados pelo entusiasmo do Rodrigo e pela minha insistência em voltar cedo porque o comboio seria às 07h e tal da manhã seguinte. Percorremos ruas indicadas num mapa riscado por mim, supostamente caminhamos na melhor zona para a noite, mas apenas vemos ruas. De repente aparece um grupo, seguido de outro, seguimos o rebanho para ver onde vai parar. Descobrimos um arco num prédio, entrada para uma espécie de pátio; viramos à esquerda e encontramos alguma espécie de diversão. Entramos receosos, buscamos a pista de dança; encontramos um bar onde uma barmaid não sabe servir vodka com laranja e um DJ que passa música através de cassetes numa versão polaca da M80. A música era um pesadelo; o espaço minúsculo; os polacos estranhos; o Rodrigo abordado, o Rui a beber o seu copo e eu a tentar apreciar algo, tarefa quase impossível. Aos poucos e poucos vamo-nos apercebendo de uma personagem: ele é dinâmico, ele é mexido, ele é fogo na pista de dança... Ele é de Chernobyl(?!)... Radioactivo não pára de dançar, não tira o boné nem por nada deste mundo, no fundo, eu e o Rui rimo-nos à custa dele(sempre encontrámos alguma diversão no meio daquela tristeza).

A hora chega, bazamos do bar ou clube ou lá o que era aqui, descansados e satisfeitos. Vamos de novo para a pousada onde esperamos dormir as horas suficientes para acordarmos à hora suficiente para chegarmos a tempo suficiente para apanharmos o comboio. Entramos novamente no quarto decorado com nuvens e uma cadeira suspensa; adormeço num instante e num instante sou transportado para o pé de ti. As saudades conduzem-me até ti, durmo literalmente no céu, enquanto me acompanhas nos sonhos

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Varsóvia - 22 de Agosto

Varsóvia Centralna, primeira imagem da Polónia diária. Uma estação de comboios subterrânea, com paredes velhas e um homem de estatura baixa empurrando um carrinho de aeroporto, falando em polaco e convidando-nos para transportar as nossas malas. Recusamos, passam dezenas de segundos, vem um segundo homem na nossa direcção oferecendo boleia no seu táxi. Olhamos uns para os outros, sem perceber pévia de polaco, e recusamos, com intenções de sair dali para fora. Subimos as escadas rolantes e deparamo-nos com um mundo novo, extremamente novo.

Primeira impressão: corredores subterrâneos, parecem mini estradas secundárias minúsculas e estreitas de um bunker, de paredes cinzentas monocolores e tristes; ladeadas por comércio e espécie de balcões de bancos e balcões de câmbio de moeda. De vez a vez aparece uma loja mais escura, vidros fumados, porta entreaberta e vemos slot machines. Mais tempo passamos lá, sem sabermos para onde ir, apenas eu com um papel da mão com a morada e as direcções para a pousada escolhida em Berlim, e vemos cada vez mais vidros fumados. Apenas lojas que ajudam a tornar aqueles corredores num submundo estranho.

Segunda impressão: encontrar alguém a falar Inglês na Polónia é tão raro como o Sol andar à volta da Terra. A palavra "impossível" encontra o seu significado mais chato e interessante. Andamos às voltas e voltas, sempre a ver etiquetas em polaco, em placares soviéticos que funcionam à base de pequenas folhas que giram e, de repente, vemos as escadas que procurávamos. Subimos e Varsóvia desvenda-se aos nossos olhos.

Terceira impressão: A herança dos edifícios magnificentes e opulentos aos velho estilo soviético. Primeiro edifício que nos contempla, uma altíssima torre enfeitada por um relógio no topo e um corpo de aço que se estende até à base, alargando sempre e tornando-se imponente. Uma imponência em tamanho, soviética. Do outro lado da avenida, espaçosa, um Hard Rock; a entrada principal da estação e à nossa frente uma praça de táxis. Não sabemos onde fica a pousada, decidimos negociar um táxi, 10 Zlotys. Mais tarde, no dia seguinte, descobrimos que fomos chulados à grande. Vamos para a pousada, pelo caminho indicado no caderno do Ró(o meu perdeu-se numa simples igreja perto da AlexanderPlatz), subimos as escadas com 20 ou mais kg às costas, e tratamos do nosso alojamento. Para trás de nós ficava a primeira impressão de uma capital europeia de um antigo país soviético, ainda atrasado: o raio dos edifícios são mesmo altos como o caraças. À nossa frente, depois de aberta a porta do quarto, apercebemo-nos que vamos dormir, literalmente, no céu. Mas isso não é algo novo para mim, porque contigo o céu é a minha casa, é a minha felicidade eterna na sua durabilidade.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Uma luz ao fundo do túnel - Varsóvia, 23 de Agosto, 07h48



Realizador: Pedro Rodrigues de Almeida
Actor Principal: Rodrigo Mendes
Actor Secundário(voz off): Pedro Rodrigues de Almeida
Figurante que não aparece: Rui Serra
Tema: Viagem de Warsaw para Vilnius

Uma viagem em fotos