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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Berlim em direcção a Varsóvia

Berlim Haupbahnhof, hora e meia de atraso do comboio. Supostamente um EuroNacht, que se transforma num EuroMadrugada. Já passa das sete e meia da manhã quando, finalmente(!!), conseguimos entrar no comboio. Isto na mítica e pontualíssima Deutschland. Atenuantes? Afinal o comboio vem de Amesterdão e a culpa não é deles...

Primeira aventura em cima dos carris: descobrir um lugar e transportar as malas dentro de um vagão, largo devido às cadeiras, e corredor estreito devido às cadeiras. Lá conseguimos desabrochar um espaço, três lugares uns ao lado dos outros; no entretanto pessoas dormem ao nosso lado e algumas acordam porque somos um tanto ou quanto desastrados, com uma directa em cima. Dormem? Exacto, dormem porque os assentos não são umas meras cadeiras: são cadeiras ao estilo de um bom psicólogo(ou será psiquiatra...), onde uma simples e pequena manivela de lado, conjugado com um empurrão de costas, ajuda o assento a cair para trás ao mesmo tempo que um repouso para os pés se levanta. No fundo, uma cama disfarçada de poltrona de psicólogo(ou será psiquiatra...).

Segunda aventura: passar seis horas dentro daquele comboio. Confortável? Sem dúvida. Assentos simpáticos? Sem dúvida, duas horas de um sono tranquilo em que adormeço a pensar que me vou distanciar mais de ti, o que me provoca fortes insónias momentâneas. Mas adormeço e sonho contigo. Companhia de outros passageiros? Eis que nos começam a surgir momentos tétricos: sósias de personagens que levitam na longínqua FDL, uma professora de penal; o ressuscitar da barbuda personagem histórica da Rússia que nem com uma data de tiros morreu em cima de uma ponte; e isto foi só o início. Início? Errado, o início dos momentos tétricos ocorreu, imagine-se, em plena Berlim na entrada do Pergamon Museum. Um sósia de uma personagem mítica da FDL.

Terceira aventura: a espécie de viagem e de paisagem que vimos desde a travessia da fronteira. Um país completamente rural, notoriamente atrasado, notoriamente europeu no seu subdesenvolvimento, notórias paisagens verdejantes a perder de vista, florestas atrás de florestas. Casas isoladas em aldeias isoladas, pessoas isoladas junto a outras pessoas isoladas. Um isolamento permanente de um país grande e pobre. Aos poucos aproximamo-nos de Warsaw, passando por terras inimagináveis, nuns caminhos de ferro inimagináveis, numa viagem inimaginável há um ano atrás. Warsaw aproxima-se a passos largos, primeira imagem, uma estação de comboios debaixo da terra, escura e com uma língua estranha.

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