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sexta-feira, 26 de junho de 2009

O ninho voltou a acolher o seu filho pródigo

Por vezes te podes perguntar, "porquê eu?". Porque a imperfeição pode tornar-se numa perfeição imperfeita, onde a paixão surge quando menos se espera. No fundo equilibras a balança desequilibrada que sabes existir dentro de mim, assim aconteceu de forma natural e inesperada. E assim te tornaste importante, assim ocupaste e ocupas o meu coração, de maneira a que te posso dizer que te adoro muito...

Quem és tu? Humm... É uma rapariga complicada, deve-se admitir, porém não tão complicada apesar dos seus dias. O egocentrismo faz parte de si própria porém é capaz gozar com isso de forma a que o torna bastante divertido, não se tornando um defeito. A impulsividade é um dos seus pontos mais fortes, um dos seus traços mais distintos e notórios, que levado a um extremo tal que pode provocar mazelas interiores, quiçá mortais, para quem a enfrenta. Não obstante é capaz de ser amiga para quem é seu amigo, portadora de um coração largo capaz de albergar várias pessoas, porém reage mal quando a sua confiança é atraiçoada... Mas isto é só o início, porque há a outra parte, aquela que me toca mais...

O teu toque, o teu abraço, aquele teu sorriso que me derrete o coração, aquele teu olhar fixo que por vezes é acompanhado de um outro sorriso ligeiro teu. Um carinho teu, um doce beijo teu, toque dos teus lábios que suaves se fundem nos meus, um simples acariciar que demostra que, tal como eu, ambos sentimos o mesmo. Uma palavra... complementaridade... Outra palavra... querer... Uma ideia... valer a pena... Aquela estrela que ilumina as noites mais escuras, aquela fonte que jorra um pequeno riacho de água que alimenta o meu coração, aquela jóia silenciosa que repousa dentro de mim, aquele ninho onde me sinto bem. Onde te tornaste indispensável. No fundo... a visão apaixonada de um namorado apaixonado sobre o teu ser. A minha principesca...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Livro fechado [pág.58]

Eleth afastou imediatamente Melith empurrando-a como se estivesse a falar com alguma criatura maléfica que a insultava com a sua presença. Ela caminhou para trás, passo a passo a sua boca abria-se, os seus olhos esbugalhavam-se, a sua cabeça abanava e sua voz murmurava um "não" sumido. As suas mãos foram à sua boca, um choro impulsivo irrompeu vindo dentro de si, das profundezas da sua alma, o seu corpo encostou-se a uma árvore próxima e um grito desumano e magoado encheu o espaço circurdante. Eleth ajoelhou-se num choro compulsivo e imparável, um grito enchia o ar com toda a força dos seus pulmões, o mundo desabava aos seus pés, perdia os seus entes mais queridos. Não queria acreditar no que tinha ouvido, tudo o que ela temia, tudo o que ela sabia aconteceu tragicamente, ela sabia e nada o fez para o impedir. O seu choro era desumano, audível, entristecia as plantas que a rodeavam, feria os ouvidos de quem a rodeava, sangrava os corações de quem assistia. Melith e o soldado eram incapazes perante tal demonstração de raiva, tristeza, angústia, dor, sofrimento, tudo junto num só choro, num só sofrimento concentrado naquele pequeno pedaço de relva à sombra de uma árvore. O mundo de Eleth desabava aos seus pés, tudo o que ela amava desaparecia num ápice de um segundo, de palavras ditas e proferidas em que cada letra era uma facada no seu coração e na sua alma. O seu choro não parava, cada soluço era um grito que ela expelia para o mundo exterior vindo da profunda dor que rasgava o seu ser, que estropiava a sua alma de qualquer vontade de viver que remotamente pudesse subsistir. As lágrimas percorriam a sua face como uma enxurrada de Inverno que tudo leva à frente sem apelo nem agravo, em cada grito, em cada soluço, em cada pedaço de alma arrancado por aquele sofrimento sem palavras. Eleth tombava lentamente pelo chão, agarrando-se à relva como o último fio ténue que ainda a ligava ao mundo dos homens. O céu que cobria Nicalo acompanhava Eleth na sua tristeza, apagando o azul alegre substituindo-o por um cinzento melancólico, ao fundo começava-se a ouvir barulhos vindos do céu, a resposta divina ao apelo da mulher que sofria pela sua perda. O choro de Eleth lentamente foi enfraquecendo, os gritos dolorosos e lancinantes foram substituídos por soluços silenciosos e sussurrantes. Melith aproximou-se com um passo muito vagaroso e indeciso, estendendo a mão para tocar na sua rainha mas retirando-a no mesmo momento.