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domingo, 24 de maio de 2009

Agosto 2006

Era já noite escura quando chegou à orla da floresta. Estava tudo calmo, mas uma acalmia estranha e incómoda. Entrou pela floresta, local que lhe era estranho e causava arrepios. À medida que se embrenhava cada vez mais na floresta, mais arrepios subiam pela espinha acima e mais desconforto sentia por estar num sítio tão inóspito, escuro, estranho e irrealmente calmo.
Passado algum tempo chegou ao ponto combinado, uma clareira que destoava da passagem que o rodeava. Árvores só ao redor do perímetro e vegetação só existia numa espécie rasteira sem beleza alguma. Conduziu o seu cavalo até ao antro da clareira e preparou-se para ficar à espera.
Perscrutou o horizonte à sua volta à procura de algum sinal ou movimento, mas em vão. A escuridão não lhe permitia um raio de visão para além do perímetro da clareira. Passados alguns minutos, a sua atenção foi desperta por um movimento que perturbou a quietude da noite. Foi um movimento repentino que foi imediatamente seguido por outros e num instante reparou que um círculo do soldados rodeava-o. Então, ao ver este cenário, ouviu uma voz conhecida:

- Apraz-me que Vossa Excelência chegou inteiro...
- Mas a mim não me apraz vê-lo. Para quê este aparato todo?
- Vossa Excelência tem que compreender que a minha segurança tem que ser acautelada, visto que venho incógnito...
- Está bem, está bem, que seja. Vamos lá despachar isto. Trouxe o que lhe pedi?
- Depende do que...
- Do quê? Eu deixei claro que não haveria mais contra-partidas.
- Hum... Visto dessa maneira dificilmente teremos negócio.
- O quê? Julgo que não estou a perceber bem... - a espada desembainhou-se à medida que proferia as palavras.
- Está a perceber bem está. Vossa Excelência não quererá... - disse com um sorriso de cara-a-cara, apontando para o círculo de soldados. Olhou em seu redor e viu que não teria hipóteses. Embainhou a espada.
- Ganhaste mas só desta vez, seu ladrãozeco.
- Eu não diria ladrãozeco, diria...talvez...negociante.
- Não gracejes, seu velhadas infame!
- Bem velhadas... Sou mais novo que seu pai e muito menos infame.
- Eu já disse para não gracejares!! Senão a tua existência nunca mais será notada.
- Não faria muita diferença, lá isso é verdade. Mas também é verdade que se eu, porventura, morresse, Vossa Excelência não obteria o que quer.
Os seus olhos cruzaram-se e fitaram-se durante momentos. Eram olhares diferentes, um de raiva e outro de divertimento. Esta luta entre homens diferentes no seu género prosseguiu, prosseguiu, prosseguiu até Vossa Excelência dar por terminada a refrega visual. Largou o pescoço do seu interlocutor e a conversa avançou.
- Vamos lá despachar isto. Está-se a fazer tarde.
- Muito bem, como queira. "..." traz a caixa!
"..." recebeu a caixa e deu-a a Vossa Excelência. Era de pequena dimensão, rectangular, muito simples com uma ou outra decoração modesta a rodear o forro da peça

Agosto 2006

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