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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A sonolência deprimente de um congresso partidário

Um fim-de-semana frio e um ambiente calorento no pavilhão que alojava o Congresso da JSD, para eleger o seu novo líder. Em parcos três dias, dois naturalmente úteis, discutem-se ideias, políticas para a juventude, ideias para o País, enfim, toda uma súmula de boas vontades, boas ideias, pensamentos divergentes, todos eles convergentes para a melhor da situação de uma juventude de um País que vai por caminhos tortuosos que apenas têm um destino: um final penoso e trágico. Mas um congresso partidário ultrapassa estas linhas utópicas de boa vontade perante um desfile contínuo de pessoas e de tácticas políticas lidas nas entrelinhas. Bem esteve o novo Presidente da JSD ao referir que a Política é a mais nobre arte de serviço da e para a comunidade, para o Populus, servindo-a com a confiança que lhe é transmitida pelo Populus, mas unicamente em que a Política (mormente, o Poder) é usado para prosseguir o bem-comum, e nunca o Poder pelo Poder, para prosseguir interesses meramente privados subalternizando o interesse público. Numa frase:

"Não deve ser o Poder a moldar o Homem, mas sim o Homem a moldar o Poder"


Por vezes, as coisas passam pelos nossos olhos, à sua frente, e nem reparamos que assim acontece. Um desfile contínuo de personagens, de pessoas com sorrisos cinicamente afectuosos. De olhares que fitam as pessoas que sabem que conhecem, mas que reviram para o lado porque não dá jeito cumprimentar. No fundo, ver estes pequeníssimos acontecimentos, vistos de fora, apenas aumentam o descrédito pela Política. Nada pode ser pior do que os meros jogos politiqueiros, de politiquices, enfim, todos eles sinais de um cada vez mais afastamento da classe política da sociedade em geral.

Por vezes, custa ver que a constituição de listas partidárias, quaisquer que elas sejam, de qualquer partido ou juventude partidária, muitas das vezes, mas não sempre, são preenchidas por meras amizades políticas, sem ter em conta o mérito intrínseco que devia existir. Isto é, a constituição de listas políticas, as pessoas que irão representar este ou aquele eleitorado, deviam ser compostas unicamente pelo mérito, e não por conveniências partidárias ou políticas. Ver esta ou aquela surpresa, este ou aquele movimento, ou conjunto de acções ou omissões, apenas podem aumentar o grau de descrédito, o grau de desconfiança, porque parece tudo um mau remake de um péssimo filme. Os tão afamados boys são um cancro que mata a vida política e a confiança da sociedade na democracia; são a face de um sistema de interesses privados instalados que abafa o interesse público.

Incompatibilidades, eis uma palavra muito pouco pronunciada ou sequer levada a sério. Incompatibilidades, o mecanismo que, se se mostrar eficaz, pode salvar a política e os partidos da balcanização constante de pequenos sectores que vivem à luz do aproveitamente privado dos lugares do Estado. Incompatibilidades, uma realidade que deve ser posta em prática, da forma mais eficiente, mais dura, mais firme, para que a credibilização da Política seja um facto que começa a ser adquirido, lentamente e com tempo. Espera-se que a sonolência deprimente de um congresso partidário não seja um mau pronúncio.

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